Tirinha de Alberto Montt |
Esta é uma Reflexão sobre o texto “Sociedade dos Consumidores” de Zygmunt Bauman, fizemos esse trocadilho com o nome, porque segundo o texto, nós somos tão consumidos quanto consumidores e nessa nossa sociedade esquizofrênica. A marca de um determinado produto tem um valor muito maior que a pessoa que a está usando. Sendo assim o consumo nos define, mas apenas nos define como produtos a serem consumidos, a serem aceitos no sistema social. Somos ávidos consumidores de identidade, somos outdoors ambulantes, espaços para propaganda baratos e lucrativos. Não compramos apenas produtos, compramos ideias, conceitos e atitudes, compramos nosso modo de ser, nosso modo de pensar e agir na sociedade. Essa aceitação e reconhecimento do outro nos vem por parte da aceitação e reconhecimento como consumidores também.
É o que acontece quando somos bem recebidos em qualquer estabelecimento comercial, por que somos possíveis compradores e isso está estampado na nossa fachada. Desse mesmo modo somos recebidos no exterior, o que lhes interessa é nossa disponibilidade, como turistas, de consumir tudo o que for possível e voltar para nosso país, sem a possibilidade de ficar quando não somos mais necessários. Por isso somos considerados tão descartáveis quanto qualquer produto, porque precisamos estar constantemente nos adaptando às novas tendências.
A partir da obra de Zigmunt Bauman e sua opinião sobre o princípio de prazer e princípio de realidade, podemos observar que houve uma grande mudança na maneira com que a sociedade e seus indivíduos encaram essas questões. Outrora, como cita Bauman, o princípio da realidade deveria ter garantido vantagem sobre o princípio do prazer para que a convivência humana pudesse continuar existindo, desvalorizando o agora, a satisfação imediata e o prazer. O presente de existir em favor do futuro. Porém como vemos na sociedade pós moderna, ou sociedade de consumidores, como preferirem, anula esta “antiga” perspectiva de princípio de prazer e de realidade, onde submeter-se as demandas rigorosas do princípio da realidade se traduz em cumprir o compromisso de buscar prazer e felicidade, portanto é algo que se vive como um exercício de liberdade e um ato de auto-afirmação. Hoje em dia, vivemos numa sociedade individualista e imediatista onde os resultados devem ser favoráveis, rápidos e facilmente substituídos por outros resultados, outros ideais, outras metas pessoais, que acabam tendo um valor superficial e mecanicista.
A produção de subjetividade no mundo contemporâneo parece se construir em cima do que construímos nas relações consigo mesmo e das praticas de si e principalmente dos meios de comunicação que passam a hipótese de construção de um ser único e completamente diferenciado. A partir do momento em que a nossa capacidade de percepção do mundo começa a absorver essas idéias, ficamos a mercê desta produção de conceitos de vida que dizem serem os que irão nos tornar pessoas felizes e capacitadas,cada vez mais ligados a marcas e rótulos e a cada dia menos questionadores de qual caminho e qual sentido devemos dar a nossas vidas.
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