10 outubro, 2011

Paranóia e Felicidade

Há um mecanismo de controle social funcionando na nossa paranóia contemporânea e o atentado terrorista ao World Trade Center foi mais uma ferramenta para a manutenção desse medo incontido. Somos levados a temer tudo o que nos apresentam como possibilidade de perigo, principalmente medo do nosso próprio futuro, medo do nosso próprio fracasso. Sabemos que ao cruzar a porta, que separa nosso feliz mundo idealizado do triste e sombrio mundo real, estamos sujeitos a qualquer tipo de ameaça, desde um ladrão que vai nos tirar nossos preciosos celulares até um avião recheado de fundamentalistas islâmicos que querem acabar com nossa sociedade ocidental. Ou seja, estamos cercados por uma constante ameaça de perigo, uma ameaça de desintegração da nossa realidade.
            Sejam ameaças reais ou imaginárias, elas nos deixam frágeis e maleáveis, dispostos a aceitar qualquer tipo de ajuda e segurança contra esses males. Desse modo compramos todo tipo de artigo para encontrar a tranquilidade, achamos a felicidade nas prateleiras dos shoppings, porque pensamos estar protegidos por suas câmeras e seguranças capazes de evitar o perigo. Mas o perigo está mesmo é na realidade, é na vida comum e cotidiana que encontramos nossos maiores temores e desprazeres, é na volta para casa e nas relações que podemos sofrer. Por isso vivemos no mundo encantado da busca pelo ideal de felicidade, porque a felicidade está ali ao nosso alcance, só é preciso consumi-la. Então a sociedade capitalista pós-moderna é uma constante criadora de medos, porque é através destes medos que se criam as necessidades que giram o consumo e sustentam o próprio sistema.
            Portanto se vivemos em uma sociedade torta e doente, saudáveis são aqueles que por algum motivo romperam com essa realidade torta, quebraram os paradigmas impostos anteriormente e puderam se ver em outros modos de vida. Então, as resistências desses novos modos de vida não está em compartilhar as fantasias comuns da sociedade, mas criar um novo princípio de realidade baseado nas suas experiências próprias.

Dissertação para Teorias IV,
uma dissertação sobre as aulas dos textos de Freud, Mal Estar na Civilização e Caso Schreber.

Nenhum comentário: