01 setembro, 2018

01 de setembro de 2018/ inacabado

Já repararam que não tem esquerda no Brasil? Não tem uma identidade de esquerda. Alguns dizem que o PT não é esquerda, que o PDT não é esquerda, que o PCdoB não é esquerda, ninguém é de esquerda. Talvez por isso a dificuldade tão grande de uma frente ampla de esquerda, talvez por isso a dificuldade de alianças nacionais progressistas. Porque ninguém é de esquerda, e a esquerda que acusa esses partidos de não serem de esquerda, é uma esquerda eleitoralmente insignificante, com poucos congressistas, bancadas minúsculas e poucos cargos no executivo. Não quer dizer que não sejam boas e batalhadoras bancadas, mas que são bancadas com poderes e apoios ínfimos. Também não há uma forte identificação popular com a esquerda e também com suas pautas. Existe muita identificação com pessoas, figuras políticas específicas da esquerda, mas muitas vezes as pessoas que admiram essas figuras não se reconhecem como esquerda, não se identificam com a esquerda eleitoralmente falando. De modo que uma transferência de votos de uma figura ímpar da política nacional para a esquerda não é uma regra, talvez muito menos uma tendência. Claro que existem muitas esquerdas, muitos tipos de identificação, muitos comportamentos eleitorais e etc. Mas até quando discutiremos o sexo dos anjos da esquerda. Até quando o discurso do somos pequenos, mas somos idôneos vai ser suficiente para realmente conquistar alguma coisa e pôr um pouco em prática os ideais e políticas para aqueles que mais precisam? Me parece que o discurso do "somos pobres mas somos limpinhos" não tem ganho tanto apoio assim, com algumas e talvez parcas e isoladas exceções. E eu não estou falando de um partido específico que por acaso começa com P e termina com SOL, mas isso também vale para partidos maiores e mais antigos que já conquistaram lugares importantes, mas que parecem estar travados, empenados nos 20% da população. O que é bem verdade é que temos poucas lideranças nacionais capazes de aglutinar em torno da legenda uma identificação maior. Brizola, Lula, Dilma e até mesmo Ciro ainda são poucas exceções num cenário que tem afunilado ainda mais. Brizola já morreu e Lula, ao que parece, ficará um bom tempo preso.

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