Acabei de assistir a entrevista/sabatina do Guilherme Boulos na TV Brasil e digo que é visível o quanto ele evoluiu como candidato à presidência da República nas últimas semanas. Eu ainda não decidi meu voto pra presidente e com certeza vai ser o voto mais difícil dessas eleições, mas é muito bom ver o alto nível e a clareza de propostas e soluções que a candidatura do PSOL tem mostrado. Desde o início da campanha, um pouco antes também, a candidatura do Boulos apostou nas frases prontas na linguagem dos memes e nas tentativas de lacração, mas deu pra percebeu que ele deu uma grande melhorada nesse aspecto, mostrando uma maturidade política que só tem a crescer nos próximos anos.
Para mim, o maior compromisso da esquerda nessas eleições é interromper o crescimento alarmante do candidato fascista. Penso que menos lacração e mais firmeza em desmontar as visíveis e flagrantes incoerências e fragilidades do discurso de Bolsonaro é o caminho pra alcançar aqueles eleitores indecisos que não se identificam com o perfil do Bolsonaro, mas que querem soluções rápidas e efetivas para seus problemas cotidianos. Eu também penso que vai ser muito difícil converter eleitores racistas, machistas, homofóbicos e herdeiros da ditadura pra esquerda. Mas é preciso atentar para a complexidade da população e do eleitorado brasileiro que, num cenário sem Lula, opta por Bolsonaro ou outros candidatos da direita pela insatisfação e pela não identificação com as pautas e com o discurso da esquerda que é, muitas vezes, distante e difícil para a realidade da maioria da população brasileira.
Embora eu defenda a liberdade de Lula e denuncie a flagrante perseguição política e jurídica, considero que a aposta na candidatura de Lula nos expõe a um risco eminente. Não me parece claro que, na previsível impugnação da candidatura de Lula pelo TSE, haverá uma transferência de votos de Lula para a chapa Haddad e Manuela tanto quanto o partido dos trabalhadores prevê, e chegar no segundo turno parece ser o maior desafio das candidaturas progressistas. Ciro e Marina despontam como os candidatos com maior musculatura política, no meu entendimento, para enfrentar os desafios que se anunciam. Queria eu, num plano ideal de realidade, que um candidato de centro minimamente progressista pudesse nos tirar dessa já desgastada polarização eleitoral entre PT e PSDB. E não penso nisso como uma mudança pela mudança, porque não desejo qualquer candidato, mas penso nisso como forma de vislumbrar uma democracia mais madura e mais estável que contemple realmente um projeto de país e nação para as gerações futuras. Quero dizer com isso que nos condicionamos nessa polarização e nos limitamos com isso.
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