Em alguns anos não haverá mais indígenas no Brasil. A saúde pública se ainda tiver, estará sucateada e a educação completamente miserável. O acesso ao ensino superior estará tão caro e distante quanto sempre foi. As mulheres ainda não serão donas de seus corpos e os velhos morrerão de tanto trabalhar. As periferias incharão como nunca e as oligarquias estarão tão ricas como sempre estiveram. Não há redenção neste futuro, não há utopia moral que possa corrigi-lo. O futuro é apenas o reflexo de nossa condição, reflexo das contradições do individualismo, do empreendedorismo capital do indivíduo, do investimento na besta-dinheiro que corrompe a tudo e a todos que toca. Não há essência pura alguma por trás do solo frio e estéril do capital. Há apenas a perversidade do lucro, a brutalidade da guerra e da morte. Quem dera as utopias realistas se efetivassem como numa brincadeira de criança, onde a imaginação produz realidades sublimes e concretas. A besta-fera do dinheiro devora até as crianças e os seus sonhos, e os velhos brancos esqueceram que um dia foram crianças. Não há promessas de riquezas que possam tapar o dolorido buraco de uma vida sem imaginação, sem o recomeço da infância daqueles que sonham e lutam para que o brincar não se perca. A imaginação é como um suspiro olhando pela janela, cria mundos feitos de instantes.
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