20 dezembro, 2016

Se tem uma coisa que me incomodou neste ano de 2016 foi a falta de respeito generalizada. Este ano foi um ano sem debate, sem mediação, sem consenso, sem qualquer tipo de esclarecimento ou crítica. Todas as decisões tomadas neste ano de 2016 foram arbitrárias, passaram por cima de qualquer tendência democrática do dito mundo livre. Neste ano que se encerra, me ficou cada vez mais claro que a democracia burguesa, que o dito estado democrático de direito é uma ilusão, um engodo para as massas analfabetas politicamente, senão moralmente perversas. A perversão na política institucional mostrou-se em sua totalidade, sem ocultar ou dissimular nada. E uma tropa de acéfalos bem alimentados aplaudiram toda esta perversidade. Rancière diz, no Ódio à democracia, que a democracia já é viciada desde o início, infelizmente não está errado o filósofo francês. Não vi coisa mais viciada neste ano que a palavra democracia, palavra saturada de vícios, palavra maltratada. Depois de tanto desrespeito, ainda teremos uma retrospectiva midiática cínica, bajuladora, falsa desde a raiz. Outra vez os palhaços aplaudem em nome de quê? O que tanto aplaudem essa gente que ignora que a corda sempre arrebenta do lado deles? Talvez isso seja apenas um sintoma de final de ano, um patologia social que nos toma conta antes de comer um galináceo gigante numa festa pagã.

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