O fenômeno Bolsonaro e o recrudescimento do fascismo nosso de cada dia está aí, dado à luz do dia, os esqueletos caíram do armário e não há mais armários para ocultá-los. A tarefa agora que se impõe é uma grande análise institucional, num sentido mais próximo do sentido psicanalítico do termo, da nossa sociedade e de nossa história, assim como a África do Sul fez com o presidente Nelson Mandela após o fim do regime de apartheid, ou ainda mais perto, como tem feito nossos vizinhos uruguaios, argentinos e chilenos a respeito de seus períodos ditatoriais. Não é mais possível que se viva sob à sombra do militarismo e de suas ameaças. O mais próximo que tivemos desse tipo de análise de nossa história foi com a comissão da verdade que teve pouca ou quase nenhuma repercussão na sociedade brasileira. Não tanto por conta dos interesses do governo Dilma, talvez pelos acordos com os setores militares, mas sobretudo por causa de uma condescendência da mídia em não dar a visibilidade necessária para esses debates no âmbito nacional. A mídia brasileira é condescendente com o recrudescimento do fascismo em não fazer nenhum tipo de crítica às crescentes manifestações de ódio ao longo do anos. Muitos dividem essa conta e devem dividir a responsabilidade.
Somos os filhos da Revolução. Somos burgueses sem religião. Somos o futuro da nação.
30 setembro, 2018
12 setembro, 2018
12 de setembro de 2018/ inacabado
Sou contra o voto útil! Tanto que num futuro segundo turno entre o milico e o Andrade, vou votar branco. Assim mesmo, branco! Querem descambar o país pro colapso, então vamos abraçar de uma vez o capeta. Talvez assim, no ponto mais alto do esgotamento dos arranjos políticos institucionais, se opere alguma mudança. Já se brincou demais com as contradições da legalidade política, jurídica e institucional brasileira para ofertar pra população um retorno do que poderia ter sido melhor e não foi, arriscando a própria estabilidade futura do processo. Dilma foi tirada do alto de sua legitimidade eleitoral e política, porque acham que a partir do dia 1º de janeiro de 2019 estabilizaremos os ânimos no país rumo ao progresso e ao desenvolvimento? Ingenuidade de quem já esqueceu por quê grita golpe, golpe, golpe. Não há uma candidatura de centro-esquerda sem o telhado de vidro, então que se quebre de uma vez o protocolo. Não se fique brincando de ONU pra lá e pra cá. Se respeitou todos os ritos na ingênua confiança de um respeito a letra fria da lei, como se os processos todos já não estivessem viciados desde o seu início. O partido dos trabalhadores já deu provas suficientes de que ou a esquerda é com eles ou contra eles, não abandonando a hegemonia do cabeça de chapa.
01 setembro, 2018
01 de setembro de 2018/ inacabado
Já repararam que não tem esquerda no Brasil? Não tem uma identidade de esquerda. Alguns dizem que o PT não é esquerda, que o PDT não é esquerda, que o PCdoB não é esquerda, ninguém é de esquerda. Talvez por isso a dificuldade tão grande de uma frente ampla de esquerda, talvez por isso a dificuldade de alianças nacionais progressistas. Porque ninguém é de esquerda, e a esquerda que acusa esses partidos de não serem de esquerda, é uma esquerda eleitoralmente insignificante, com poucos congressistas, bancadas minúsculas e poucos cargos no executivo. Não quer dizer que não sejam boas e batalhadoras bancadas, mas que são bancadas com poderes e apoios ínfimos. Também não há uma forte identificação popular com a esquerda e também com suas pautas. Existe muita identificação com pessoas, figuras políticas específicas da esquerda, mas muitas vezes as pessoas que admiram essas figuras não se reconhecem como esquerda, não se identificam com a esquerda eleitoralmente falando. De modo que uma transferência de votos de uma figura ímpar da política nacional para a esquerda não é uma regra, talvez muito menos uma tendência. Claro que existem muitas esquerdas, muitos tipos de identificação, muitos comportamentos eleitorais e etc. Mas até quando discutiremos o sexo dos anjos da esquerda. Até quando o discurso do somos pequenos, mas somos idôneos vai ser suficiente para realmente conquistar alguma coisa e pôr um pouco em prática os ideais e políticas para aqueles que mais precisam? Me parece que o discurso do "somos pobres mas somos limpinhos" não tem ganho tanto apoio assim, com algumas e talvez parcas e isoladas exceções. E eu não estou falando de um partido específico que por acaso começa com P e termina com SOL, mas isso também vale para partidos maiores e mais antigos que já conquistaram lugares importantes, mas que parecem estar travados, empenados nos 20% da população. O que é bem verdade é que temos poucas lideranças nacionais capazes de aglutinar em torno da legenda uma identificação maior. Brizola, Lula, Dilma e até mesmo Ciro ainda são poucas exceções num cenário que tem afunilado ainda mais. Brizola já morreu e Lula, ao que parece, ficará um bom tempo preso.
Assinar:
Postagens (Atom)