E se falássemos do oculto, se falássemos daquela pequena parcela de história que se come pelas beiradas como se preservássemos no centro todo o calor e a intensidade dos sabores? E se nesse intervalo de tempo, entre o gozar e o perder-se na narrativa, pudéssemos estar afogados numa atmosfera de vibrações que no início não pareciam mais que gestos obtusos de figuras díspares da imaginação? E se pudéssemos construir uma espécie de marco que ao restringir aproximasse ainda mais os ouvintes do centro doce dessa atmosfera recalcitrante? E se o olhar fosse apenas o retorno oblíquo de algo perdido num redemoinho de experiências etéreas e confusas sob a particularidade do sonho? E se os dias e as noites se completassem ao hemisfério oculto do ser? E se cada porta ou janela não fosse mais do que o reflexo da transparência atravessada das cores um tanto desbotadas e fragmentadas de objetos cotidianos? E se pudéssemos tocar o ar como se tocam as nuvens de tempestade numa tarde sufocante de um domingo monótono?
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