Meu último Enem foi em 2008, 19 anos e já um protocomunista nietzschiano, apesar das duas coisas soarem antagônicas atualmente. Queria estudar História e me preparava para o vestibular na federal, que não passei por motivos óbvios. Fora o último Enem no modelo antigo, perguntas e respostas tradicionais e uma redação que se não me engano tinha alguma coisa a ver com crise econômica ou ambiental, ao menos foi isso que penso ter escrito.
Na época, tornara-se um hábito meu dormir nas provas do Enem, já era a terceira. Hoje vejo a gurizada pleiteando uma vaga na Universidade enfrentando o Enem e sinto uma série de sentimentos, mas admiro muito dessa gurizada que corre atrás dos seus objetivos, sonhos acadêmicos/profissionais ou não. Ainda faço meus corre, mas Enem não sei se faço de novo, apenas me lembro da música da propaganda na TV, Pra não dizer que não falei das flores do Geraldo Vandré, música que remetia ao passado e à luta política no Brasil. Em 2008, as nossas (as minhas) esperanças estavam num outro momento que o Brasil estava vivendo, um momento onde fazia sentido sentir-se parte do futuro, do novo e que políticas como o Enem e o Prouni eram a cara de um novo Brasil que parecia logo ali.
Hoje, Simone de Beauvoir causa histeria em alguns tipos que parecem sair dos porões da ditadura que Vandré vivenciou. Vivemos um momento decisivo no Brasil, um momento dialético onde caminhamos num fio de uma navalha cega, mas seguimos. Com crises ou não, seguimos caminhando e cantando e seguindo a canção abaixo de retrocessos. Só espero que estes jovens que fizeram o Enem neste final de semana entrem com um outro espírito nas Universidades, públicas ou privadas. Por isso escrevi esta pequena reflexão, porque parece que abaixo de chuvas, alguma coisa ainda desacomoda, e porque gostaria de ter feito uma prova como esta, onde pensar parece que foi mais importante que repetir fórmulas prontas de um país do passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário