27 agosto, 2011

Ponto de Mutação

Por mais que a ciência se perca nas respostas, as perguntas ainda são feitas por ela. Uma ciência tão exata quanto a física, quando já não pode dar todas as respostas aos questionamentos do mundo, ou porque já explorou tanto o inexplorado ou porque chegou num ponto onde as respostas já beiram o absurdo ela, a física volta a dar todas as respostas que necessitamos, nem que para isso precise entrar no campo da mística oriental.

O filme é muito interessante e talvez seu principal objetivo seja suscitar-nos muitos questionamentos, porém não foi isso que senti. Ficamos um pouco esgotados por tantas explicações sobre o funcionamento do universo. O que nos chamou a atenção é que o ilógico é lógico e que a ordem se faz pelo caos, mas a preocupação continua a mesma, padronizar, sistematizar, esclarecer. Não que isso, a curiosidade, não fosse importante para a ciência, mas me cansei um pouco dessas respostas.

Pensamos que se o objetivo do filme era fazer uma crítica ao modelo científico até então adotado para compreender o mundo, um modelo newtoniano ou cartesiano, ele só confirmou isso, não fez nada de diferente. A preocupação da cientista durante o filme foi explicar tudo minuciosamente numa espécie de monólogo, uma aula aberta para os dois desenganados com a realidade. Mostrar o quanto ela sabia, quanto conhecimento ela era detentora, o quanto ela podia explicar. Se eu tivesse que resumir todo o filme em uma palavra seria "explicação". Achamos que o texto do Capra é muito revelador, mas explicativo demais... 

Comentário Crítico sobre o Filme MindWalk - Ponto de Mutação

24 agosto, 2011

Símbolos

O século das luzes trouxe a razão para o homem, a idéia que a racionalidade livraria a humanidade de todos os seus males, mas e hoje? Hoje estamos cegos de tanta luminosidade, não há canto onde a luz não tente demonstrar a verdade que ali se esconde. Quando penso no símbolo do Sol, penso muito mais além da ordem Apolínea da vida, mas nesse nosso movimento de rotação em torno do Sol, nessa força gravitacional que nos puxa para a luz. Pensando em um sistema panóptico, não temos canto para nos esconder, tudo precisa estar sempre muito bem visível, para que tudo não esteja errado, torto. A nossa contemporaneidade exige que demonstremos essa perfeita harmonia, esse bem-estar, o estar correto e dentro do sistema para fazê-lo funcionar como se deve.
            Nisso penso o símbolo da cegueira como a nossa necessidade de fechar um pouco os olhos para que eles não sejam queimados com tão intensa luminosidade. Esse símbolo me lembra a Lua, ela que sempre tem um lado escuro que impede que nós, seus constantes observadores não conheçamos toda a sua verdade, e assim ela permanece sempre com seu ar enigmático, seu ar de mistério. Será por isso que ela encanta tanto? Será a necessidade humana de descobrir, de desbravar o desconhecido? Talvez, mas muita vezes simplesmente esquecemos o quanto ela é bela, e o quanto podemos desfrutar de tão majestosa companhia. Isso é um pensamento Dionisíaco, é se permitir contemplar a realidade tanto quanto a fantasia, gozar do prazer da ignorância dos sábios que não regulamentam e padronizam seus conhecimentos, mas brincam com eles afim de que todos possam se unir a essa brincadeira. 
            Como diria Sílvio Santos, e o bambu? O bambu se enverga com o vento e numa ventania se escuta uma sinfonia de tambores e apitos batendo e assoprando uma canção sem partitura ou regimentos, mas feita do acaso onde só os ouvidos mais refinados podem apreciar. Refinados? Sim, o refinamento de quem degusta do mundo como se fizesse parte dele, como se fosse feito com ele e para ele, mas não como seu dono, único e onipotente dono da natureza, detentor do poder de compreender o Sol, desvendar a Lua e envergar o bambu. Estamos mudando, eu fielmente quero acreditar que sim, que estamos mudando nosso jeito de pensar, nosso próprio jeito de viver. E se por acaso Gaia estiver certa, que pena, nós temos tanto potencial como espécie. Porque o homem não é o animal racional, o animal dotado de razão, mas o ente dotado de paixão.

Comentário sobre a aula de Símbolos de Leonardo Boff