31 outubro, 2016

Eu acho que o Marchezan, o Crivella e o Doria foram eleitos já em 2013/2014.

Eu acho que o Marchezan, o Crivella e o Doria foram eleitos já em 2013/2014. Digo o por quê.
Porque em 2013 todos dizíamos, somos apartidários, não confiamos nos partidos e nos políticos que estão aí, que se vão todos. Talvez alguns não disseram isso de fato, mas foi isso que em grande medida fora dito pelos manifestantes. O que houve depois disso foi que vários partidos de direita, inclusive alguns muito pequenos disseram, viram, as ruas estão pedindo mudanças e nós podemos oferecer a mudança. Na época a mudança oferecida por esses partidos era referente aos 10 anos de governos petistas, no caso. A direita foi a primeira a se apropriar dos discursos das ruas, quando as ruas diziam algo completamente diferente. Porque a direita se apropriou daquilo que não tinha dono, que não tinha um nome ou objeto tão bem definidos. A esquerda respeitou a voz das ruas, mas não foi capaz de incorporar a vontade de mudança que queria se materializar em alguma coisa. Esses três candidatos supracitados ganharam as eleições com argumentos em comum, o novo, o do que foge à imagem do político tradicional e sobretudo, não eram de esquerda (entenda-se esquerda na leitura do eleitor comum alguma coisa como PT, vermelho, comunista, direitos humanos e afins). Enfim, meu argumento é, quem se beneficia com a repulsa à política e aos partidos são os candidatos que se dizem acima dos partidos, que não tem partido, que o partido é o Rio Grande. Marchezan ama Porto Alegre, Crivella ama a Universal, Doria ama camisas de alguma marca chique aí, ou seja, nenhum deles tem partido, ou alguém ouviu o Marchezan falar que o partido dele é o mesmo da Yeda ou etc?
A questão é, quando não tem partido quem ganha é a direita, por isso temo pelos movimentos que tem surgido e que tem afirmado que são apartidários mesmo com as melhores intenções. Se não for possível afirmar qual a posição que se está defendendo atualmente (digo no espectro direita e esquerda e mais além) e isso dando nome aos bois, veremos mais uma baita "convulsão" se metamorfosear em mini-craques com a camisa da seleção pedindo o retorno da Idade Média. Todos sabem que a política se faz de fato além dos partidos e além da política burguesa tradicional, mas essas malhas são complexas e não adianta se abster de se colocar nessa celeuma. Os movimentos estudantis têm grande força, mas terei que concordar com aqueles que dizem que esses movimentos não farão a revolução no país, porque esses movimentos precisam encadear um movimento maior e mais conectado, onde tenha mais articulação entre setores e forças diversas e isso, infelizmente para alguns, inclui partidos políticos organizados. Porém, esses precisam ser reinventados, oxigenados diante de uma direita que tem se aproveitado das antigas falhas estratégicas da esquerda institucionalizada. Para finalizar, penso que é necessário que se criem lideranças que possam aglutinar e dialogar com os mais diversos movimentos políticos que estão aparecendo para que esses discursos apartidários não acabem sendo cooptados por partidos de direita de fato.